Autismo Feminino

 
Foi estimado que a proporção de mulheres autistas é de 1 para 16, mas e se na verdade elas forem apenas subnotificadas? 

Os TEAs ( Transtornos de espectro autista), são condições na qual uma pessoa precisa conviver ao longo de toda a sua vida e que afeta a forma como ela interage e se comunica com o mundo externo, os níveis de funções cognitivas e habilidades intelectuais variam bastante, pode ser profundamente comprometidos ou podem ser bem mais sutis.

Segundo a OMS 1 a cada 160 crianças em todo mundo tem TEA, mas existe uma enorme discrepância no diagnostico entre meninos e meninas. Geralmente meninos são diagnosticados cedo, já as meninas são diagnosticadas bem mais velhas, isso quando são diagnosticadas, algumas vivem a vida toda sem saber.

Os sinais de autismo em mulheres e meninas não são o mesmo que os dos homens e meninos, os cérebros autistas masculinos que são majoritariamente estudados atualmente ao contrario do feminino, por isso sabe-se pouco ou nada sobre o autismo em mulheres e como identifica-lo. Os sinais de autismo feminino podem e passam despercebidos a menos que seja autismo severo (grau grave), o autismo de alto funcionamento (pessoa autista que tem as habilidades cognitivas acima da média comparada com outros autistas) passa extremamente despercebido, geralmente elas são classificadas como introvertidas ou tímidas, já que é muito difícil receberem o diagnostico correto. Os sintomas do autismo feminino também são ignorados e mascarados por outros comportamentos considerados normais e naturais, o que causa uma subnotificação.

Outra dificuldade quanto ao autismo feminino é o fato de que as mulheres e meninas conseguem "mascarar/camuflar"os sinais, garotas tendem a imitar as outras para se encaixar e parecerem mais normais, o que geralmente significa se comportar de maneira mais "adequada" e escondendo tudo que for possível. 

Um estudo divulgado pelo PROGENE, grupo vinculado ao Centro de Pesquisas sobre o genoma Humano e Células-Tronco (CEGH-CELL), do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IB-USP), revela que sucessivos levantamentos realizados por especialistas constataram que as meninas tendem a "camuflar" os seus sinais de autismo. Esse ato de "camuflar" os sinais explica a subnotificação e parte da falta de diagnostico.  Outro fator que influencia na falta de diagnostico e subnotificação é o fato de que os estudos sobre autismo são voltados ao cérebro masculino.

O autismo em mulheres tem as suas variáveis em função da "camuflagem". Um detalhe é que esse comportamento de "camuflar" está associado somente aos casos em que as pacientes comprovaram ter um alto quociente de inteligência (Q.I). As meninas conseguem disfarçar em alguns momentos os sintomas, por isso muitas delas conseguem estabelecer uma vida relativamente normal, seja no trabalho, nos estudos e na vida pessoal. Entretanto, os quadros de estresse acentuado, exaustão física e ansiedade extrema são observados em grande parte dessas pessoas.

Alguns dos sinais são: Obsessão por temas muito específicos, mas não significa serem atraídas por areas de conhecimentos consideradas "nerds" (maioria das vezes por influencia externa), como tecnologia, ciência ou matemática. Esses sinais geralmente não são interpretados e deixam elas propensas a serem alvos de piadas e bullying.

Outros sinais:
  • São retraídas/reclusas.
  • Tendem a ser mais passivas nas relações sociais.
  • Tendem a ser mais comportadas e calmas.
  • Tendem a ser mais deprimidas (Podendo ter ansiedade e depressão)
  • Procuram não se envolver tanto em situações que vivenciam, ou seja, são mais frias com as emoções.
  • Tendem a ser aficionadas ou obcecadas em temas específicos (não necessariamente ligados à tecnologia ou ao ramos das exatas).
  • Tendem a se esforçar mais para se adequarem aos padrões.
  • Tendem a ser menos isoladas que os meninos.

Algumas pessoas no espectro autista podem viver de forma independente, já outras tem graves deficiências e requerem cuidados ao longo da vida.

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