Mulheres na Ciencia

 





Apenas 49% da população mundial é composta por mulheres e dessas apenas 28% são cientistas. 

Mas nem sempre foi assim, as mulheres atravessaram e atravessam grandes dificuldades para poderem estudar e posteriormente trabalhar na area da ciência. O direito ao estudo foi algo conquistado recentemente comparando com o período histórico. E em alguns lugares esse e outros direitos não chegaram.

Hipátia [ 350- 8 de março de 415 A.C.]

Nascida em Alexandria, Egito. Foi a primeiras mulher matemática da historia, estudou . Filha do famoso erudito Téon, que acreditava em dar uma boa educação a filha, ele ensinou matemática e astronomia a ela e a transformou em uma especialista nas duas ciências. 




Ela se tornou uma das primeiras professoras de Alexandria, porém acabou vitima de feminicídio e dos cristãos. Ela foi morta por ser mulher e por uma multidão de cristãos. Segundo alguns teóricos, o assassinato de Hipátia marcou a queda da vida intelectual de Alexandria.


Hildegard von Bingen [verão de 1098 - 17 Setembro de 1179]

A alemã foi uma monja da ordem de São Bento no Mosteiro de Rupertsberg em Bingen am Rhein. Durante a idade média, mulheres só podiam se instruir em conventos e foi como ela estudou. Ficou conhecida como Santa Hildegard na igreja anglicana. Escreveu livros sobre botânica e medicina. Suas habilidades de médica eram conhecidas e frequentemente confundidas com milagres. Seus feitos se tornaram tão famosos que um asteroide foi batizado em sua homenagem: o 898 Hildegard. 

Wang Zhenyi [ 1768-1797 ]

Nascida na dinastia Qing (China Feudal), numa época que a educação era voltada apenas para homens ricos. Ela teve a sorte de nascer numa familia de estudiosos e que valorizavam a educação para todos os mesmos da familia, mesmo sendo mulher. 

Desde pequena aprendeu astronomia e matemática, tento destaque nessas duas areas e na poesia também. Primeira pessoa a criar um modelo explicativo funcional dos eclipses solares. Aos 24 anos publicou 5 livros sobre calculo e foi considerada uma das maiores mentes dessa dinastia. Morreu aos 29 anos e deixou as suas obras na tutela de uma amiga, essa amiga entregou ao sobrinho.

Mary Anning [ 21 de maio de 1799 - 9 de março de 1847 ]

Nascida em Lyme Regis, Inglaterra. Aos 12 anos de idade achou seu primeiro fóssil, suas descobertas contribuíram para uma importante revolução sobre a pré-história e a geologia.


Foi proibida de publicar seus artigos por ser mulher e teve o próprio nome excluído de suas próprias pesquisas. Era de origem pobre e por isso teve a educação extremamente limitada. Morreu aos 47 anos de cancer de mama.

Maria Gaetana Agnesi [16 de maio de 1718- 9 de janeiro de 1799]

Nascida em Milão na Italia e filha de um homem rico, frequentou as rodas da nobreza. Descobriu a solução matemática para cálculos diferencial e integral. É a primeira autora mulher de livro de Algebra. Foi a primeira mulher a ser convidada para o cargo de professora de matemática em uma universidade. Mas o que a tornou notável foi o seu compêndio profundo e claro de análise algébrica e infinitesimal na obra "Instituzioni Analitiche" (Instituições Analíticas), traduzida para o inglês e para o francês.

O livro foi além dos tópicos sobre filosofia e abordou mecânica celestial e teoria da gravidade de Newton. Durante uma década, Agnesi escreveu uma obra de dois volumes; o primeiro deles, com mais de mil páginas tratava de aritmética, álgebra, trigonometria, geometria analítica e cálculo. O segundo abrangia equações diferenciais. Foi a primeira obra que uniu as ideias de Isaac Newton e de Gottfried Leibniz. É dela também a autoria da chamada "curva de Agnesi". 

Faleceu numa instituição para idosos, em Milão, chamada Pio Albergo Trivulzio.

Ada Lovelace [ 1815 - 1852 ]

Nasceu em Londres, filha da matemática Isabella Milbanke e de Lord Byron, famoso poeta.
Sua mãe desejava e conseguiu que Ada tivesse uma boa educação, desde pequena teve uma educação rigorosa em matemática. 


Ao conhecer as maquinas da época em sua idade adulta, Ada queria um mundo em que os computadores fizessem mais do que apenas cálculos, queria que fossem como extensões do cérebro humano. Sendo assim a responsável por criar o primeiro programa de computador (software) da história e tendo um dia celebrado na segunda terça do mês de outubro da Inglaterra.


Elizabeth Blackwell [Brisol, 3 de Fevereiro de 1821- Hastings, 31 de Maio de 1910]

Filha de Samuel Blackwell, refinador de açúcar e sua esposa Hannah Blackwell. Tinha duas irmãs mais velhas, Anna e Marian e seis mais novos, Samuel(casado com Antoinette Brown), Henry (casado com Lucy Stone), EmilySarah Ellen (escritora), John e George. Nascida em uma familia de abolicionistas, foi criada valorizando a igualdade e a justiça. 
Foi uma das primeiras mulheres a entrar na Geneva Medical College em NYC e a primeira médica mulher dos Estados Unidos. Sua irmã, Emily, seguiu seus passos e também se tornou médica. Juntas abriram a New York Infirmary for Indigent Woman (1857), uma clinica que atendia especialmente mulheres pobres e indigentes. 


Elizabeth também fundou 2 escolas de medicina para mulheres, Woman's Medical College e London School of Medicine for Woman, se tornando assim a grande responsável por abrir os caminhos para que mais mulheres pudessem virar médicas.

Karen Horney [16 de Setembro de 1885- 4 de Dezembro de 1952]

Nascida na Alemanha, estudou medicina na Universidade de Berlim, se tornando psicanalista. Em sua época a teoria predominante era a de Freud {Discordo veementemente desse homem}, que se focava na mente masculina. 


Karen foi a primeira a notar que muitos pacientes não se enquadravam no padrão descrito por Freud, principalmente as mulheres. Sendo responsável por criar a Psicologia Feminina, foi a primeira a defender que as mulheres não queriam ser iguais aos homens, mas sim ter a mesma independência e direito que eles. Escreveu inúmeros artigos e fundou a Association for the Advancement of Psychoanalysis, sendo considerada uma das psicólogas mais influentes de todos os tempos.

Nettie Stevens [1861-1912]

Nasceu em Vermont - USA. De origem humilde, juntava tudo que tinha para pagar os estudos. Se graduou em Stanford {Empatada com Oxford no segundo lugar de melhores faculdades do mundo, atras apenas do MIT} e seguiu na area acadêmica fazendo mestrado e doutorado. Revolucionou o mundo da genética ao descobrir o que torna os bebes meninos ou meninas são os cromossomos Y e X. Durante séculos os médicos achavam que era a alimentação da mulher durante a gravidez que determinava isso. Por sua morte precoce, na época as suas descobertas foram desconsideradas e esquecidas. 

 Embora Nettie e Wilson tenham ambos trabalhado com a determinação cromossômica dos sexos, muitos autores creditaram a descoberta a Wilson. Wilson, porém, não identificou o cromossomo Y, muito menos que o X e nem deduziu que ele é o responsável pela determinação do sexo, enquanto Nettie observou os dois cromossomos, concluiu e publicou sua pesquisa. Antes de ler os artigos de Nettie, ele acreditava que fatores ambientais tinham papel na determinação do sexo.

Além disso, Thomas Hunt Morgan tem o crédito de descobrir os cromossomos sexuais, embora nessa época ele discutisse com Wilson e Nettie por discordar de suas conclusões e a interpretação de Nettie. O reconhecimento de Morgan veio em parte por seu trabalho com linhas sexuais de um gene de moscas de frutas e acabou agraciado com o Prêmio Nobel em 1933. Nettie não foi reconhecida por sua descoberta nem mesmo na época em que publicou seu trabalho. Enquanto Morgan e Wilson eram convidados a palestrar sobre suas teorias a respeito da determinação do sexo, em 1906, Nettie não recebeu convite algum.
Nettie Stevens morreu devido a um câncer de mama em 4 de maio de 1912, em BaltimoreMaryland, aos 50 anos de idade, apenas 9 anos após a conclusão de seu doutorado. Sua carreira foi curta, porém ela publicou cerca de 40 artigos científicos. Nettie foi sepultada no cemitério de Westford, Massachusetts, ao lado de seu pai e sua irmã. Nettie nunca se casou ou teve filhos.

Marie Sklodowska Curie [7 de novembro de 1867 - 4 de julho de 1934]

Nasceu em Varsóvia, Polônia, onde na época não permitiam o estudo a mulheres. Se mudou para a França para poder estudar, estudou na Universidade de Paris, foi onde se interessou pelo curioso brilho emanado dos sais de urânio e descobriu que ele mesmo produzia esse brilho. Foi a primeira pessoa a nomear e estudar partículas radioativas, descobrindo o urânio, polônio e rádio. Descobriu que ao mesmo tempo que os efeitos radioativos causavam problemas no corpo, eles poderiam combater doenças como o câncer. Foi a primeira mulher a ganhar um Premio Nobel na história. Ganhou Premio Nobel de Química(1903) e de Física(1911) pelas suas descobertas. Sendo a primeira pessoa e única mulher a possuir dois prêmios na história do mundo.

Durante a Primeira Guerra Mundial, Curie propôs o uso da radiografia móvel para o tratamento de soldados feridos. Em 1921 visitou os Estados Unidos, onde foi recebida triunfalmente. O motivo da viagem era arrecadar fundos para a pesquisa. Fundou o Instituto do Rádio, em Paris. Em 1922 tornou-se membro associado livre da Academia de Medicina.

Marie morreu decorrente a alta exposição aos materiais radioativos.

Elizabeth Arden [31 de Dezembro de 1881-18 de Outubro de 1966]

Um nome bem conhecido, criou as primeiras formulas de cosméticos. 

Nasceu no Canada com o nome de Florence, enfermeira formada, começou a carreira criando cremes para queimadura na sua própria cozinha, utilizando leite e gordura. Logo passou a buscar pelo creme hidratante perfeito, foi assim que nasceu uma das empresas de produtos de beleza mais valiosas da atualidade. 

Passou por momentos difíceis, falta de crédito em seu sonho, até mesmo de sua família, mas aos 30 anos foi para Nova York. Cheia de esperanças e expectativas, logo se inseriu na cultura da cidade. Lá ela conheceu um químico e juntos começaram a elaborar o “creme perfeito”, o seu grande sonho. Ao mesmo tempo ela foi trabalhar em um salão de beleza e dominou a arte da massagem facial orientada e treinada pelo maior especialista da época. A partir daí, estava se tornando uma esteticista.

Em 1910, abriu seu primeiro salão de beleza em uma loja na Quinta Avenida, com sua visão empreendedora, então mudou seu nome para Elizabeth Arden, Elizabeth em homenagem à sua ex-sócia e Arden ao poema “Enoch Arden”, de Alfred Tennyson. 

Instalou na loja uma porta vermelha luminosa, começando também a divulgar seu negócio com o a propaganda de seus cremes e de sua massagens relaxantes e rejuvenecedoras. 
Já como Elizabeth Arden, começou a frequentar lugares importantes da sociedade e foi assim que seu salão logo passou a ser conhecido como o melhor da cidade. A partir daí, viajou muito e expandiu os negócios por todo o mundo, montando filiais em vários lugares, construiu um verdadeiro império da beleza.

Promoveu a prática da maquiagem, divulgando a pintura dos olhos no estilo “olhar total”, o uso do ruge e do pó, sendo a maquiagem expressiva a última moda em Paris.


Elizabeth Arden idealizou a beleza completa, com a pele tratada com cremes e loções específicas para adstringir, tonificar e hidratar, e em seguida a isso o uso da maquiagem. Fez do seu salão um perfeito complexo da beleza. 
Em 1920, mais de 100 produtos levaram a marca Elizabeth Arden, chegando a dominar o mundo e em 1930 havia em sua linha mais de 600 produtos, sua marca era uma das mais conhecidas do planeta. 

Quando começou a Segunda Guerra Mundial, Elizabeth lançou um batom vermelho chamado Montezuma Red, o qual era para ser usado pelas mulheres das forças armadas, para dar vida aos uniformes e um toque a mais de feminilidade. Ficou também conhecida pela democratização dos cosméticos, tudo graças à fabricação de kits de "home SPA", que incluíam um disco de beleza intitulado The Sound of Beauty.

A sua enorme contribuição para o universo da cosmética foi premiada em 1962, pelo governo francês, que a agraciou com o prestigiante “Légion d’Honneur”.

A cosmetologia morreu aos 87 anos, deixando uma herança de fórmulas de cremes e loções e maquiagem de qualidade. 

Sendo uma mulher modelo de determinação, confiança, poder e luta, fez seu sonho se tornar realidade, tornando-se um ícone feminino. Tanto assim que seu nome virou sinônimo de luxo e glamour. Foi uma das únicas mulheres de seu tempo a estampar a capa da revista Time e também a apresentar um programa de rádio na NBC, Elizabeth Arden Way to Beauty.

Foi sepultada no Cemitério de Sleepy Hollow.

Alice Augusta Ball [24 de Julho de 1892- 31 de Dezembro de 1916]

Nasceu em Seattle, Alice era filha de James Presley e Laura Louise (Howard) Ball. Sua família era de classe média, sendo que seu pai era editor de jornal, fotógrafo e advogado. Seu avô, James Presley Ball, foi um fotógrafo famoso e o primeiro afro-americano nos Estados Unidos a aprender o daguerreótipo.

Estudou química na Universidade de Washington, seguindo na area academica. Foi a primeira mulher e mulher negra a se estudar na Universidade do Havaí, onde obteve seu mestrado, e a ter um MESTRADO. 
Alice, aos 23 anos de idade, desenvolveu a cura da Lepra, ficou conhecida como a responsável por curar uma doença sem esperança. Morreu aos 24 anos de idade, ficou doente durante a pesquisa do princípio ativo e voltou a Seattle para tratamento alguns meses antes da sua morte. Em 1917, um artigo no Pacific Commercial Advertiser sugeriu que ela teria morrido devido a envenenamento por cloro enquanto ensinava. Porém, a causa da morte é desconhecida no seu atestado de óbito original, que foi alterado para morte por tuberculose. 

Florence Rena Sabin [9 de Novembro de 1871- 3 de outubro de 1953]

Ela foi a primeira mulher a ocupar uma cadeira na Universidade Johns Hopkins de Medicina, a primeira mulher eleita para a Academia Nacional de Ciências, e a primeira mulher a chefiar um departamento no Instituto Rockefeller de Pesquisa Médica. Em seus anos de aposentadoria, ela buscou uma segunda carreira como um ativista de saúde pública no Colorado, e em 1951 recebeu o Prêmio Lasker para este trabalho. Feminista declarado, lutava pelo direito de igualdade.

Sabin recebeu seu diploma de bacharel do Smith College em 1893. Por dois anos, ela ensinou matemática no ensino médio em Denver, e depois ensinou por um ano zoologia no Smith College, como forma de financiar seu primeiro ano de pós-graduação.

Em 1896, Sabin se matriculou na Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins como uma das 14 mulheres de sua turma. A escola abriu em 1893 e desde o início aceitou homens e mulheres por causa de um antigo doador que exigiu a admissão de alunas.

Enquanto estudava na Hopkins, as habilidades observacionais de Sabin e a perseverança no laboratório chamaram a atenção do anatomista Franklin P. Mall. Mall inspirou Sabin ajudando a estreitar seu foco em dois projetos bem considerados pelos cientistas e fundamentais para sua futura pesquisa e, conseqüente, seu legado. 

O primeiro projeto foi produzir um modelo tridimensional do tronco encefálico de um bebê recém-nascido, que se tornou o foco do livro didático: Um Atlas da Medula e Mesencéfalo (1901). O segundo projeto envolveu o desenvolvimento embriológico do sistema linfático, que afirmava que o sistema linfático é formado a partir dos vasos sanguíneos do embrião e não de outros tecidos. Se formou na Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins em 1900. 

Morreu de um ataque cardíaco aos 81 anos, foi cremada e suas cinzas foram enterradas no Mausoléu Fairmount no Cemitério Fairmount em Denver, Colorado.

Virginia Apgar [7 de Junho de 1909- 7 de Agosto de 1974]

Virginia era a mais nova de três irmãos, nascida e criada em Westfield. Graduou-se na Westfield High School, em 1925. Ingressou no Mount Holyoke College, em 1929, onde estudou zoologia, com habilitação em fisiologia e química. Em 1933 formou-se na Universidade Columbia, no Colégio de Cirurgiões. Completou sua residência em cirurgia em 1937.

Foi uma médica norte-americana que se especializou em obstetrícia e anestesiologia. Foi líder em vários campos da anestesiologia e, efetivamente, foi a responsável pela criação do que viria a ser a neonatologia
Para a população em geral, ela foi mais conhecida como a responsável pelo desenvolvimento da Escala de Apgar, um método de avaliação de saúde de recém-nascidos, que reduziu drasticamente a mortalidade infantil em todo o mundo.

Na epidemia de rubéola de 1964-65, se tornou porta-voz da vacinação universal para prevenir a infecção, via mãe, de recém-nascidos. A rubéola pode causar sérios distúrbios e defeitos congênitos em bebês infectados na gestação. 

Entre 1964-65, nos Estados Unidos, estima-se que houve cerca de 12,5 milhões de casos de rubéola, levando a 11 mil abortos ou interrupções terapêuticas e 20 mil casos de síndrome da rubéola congênita, que é quando o vírus da rubéola da mãe afeta o bebê em desenvolvimento, geralmente nos três primeiros meses de gravidez. Destes casos, 2.100 morreram na infância, 12 mil eram surdos, 3.580 tiveram catarata ou microftalmia e 1.800 tinham algum nível de retardo mental (Somente na cidade de Nova York, a síndrome da rubéola congênita afetou 1% de todos os nascimentos).

Virginia promoveu o uso da testagem do Rh sanguíneo, que podia identificar se uma mulher corria o risco de transmitir anticorpos pela placenta, que era subsequentemente levados para o feto e destruíam suas células vermelhas, resultando em abortos ou hidropsia fetal.

Virginia Apgar nunca se casou ou teve filhos, tampouco se aposentou. Ela morreu devido à uma cirrose em 7 de agosto de 1974, aos 65 anos, no Columbia University Medical Center, local onde treinou muitos médicos. Foi enterrada no Cemitério Fairview, em Westfield, Nova Jersey.

Nise da Silveira [15 de Fevereiro de 1905- 30 de Outubro de 1999]

Nise Magalhães da Silveira, nasceu em Maceió, foi uma médica psiquiatra brasileira. Reconhecida mundialmente por sua contribuição à psiquiatria, revolucionou o tratamento mental no Brasil. Foi aluna de Carl Jung

Lutou contra as terapias agressivas da época, como terapia de choque, confinamento e lobotomia. Também foi a primeira a notar o valor terapêutico da interação humana com animais.

Durante a Intentona Comunista foi denunciada por uma enfermeira pela posse de livros marxistas. A denúncia levou a sua prisão em 1936 no presídio Frei Caneca por 18 meses. Nesse presídio também se encontrava preso Graciliano Ramos, com o que ela tornou-se uma das personagens de seu livro Memórias do Cárcere.

De 1936 a 1944 permaneceu com seu marido na semi-clandestinidade, afastada do serviço público por razões políticas. Durante seu afastamento fez uma profunda leitura reflexiva das obras de Spinoza, material publicado em seu livro Cartas a Spinoza em 1995.
Em 1944 foi reintegrada ao serviço público e iniciou seu trabalho no Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II, no Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro, onde retomou sua luta contra as técnicas psiquiátricas que considerava agressivas aos pacientes.
Por sua discordância com os métodos adotados nas enfermarias, recusando-se a aplicar eletrochoques em pacientes, Nise da Silveira foi transferida para o trabalho com terapia ocupacional, atividade então menosprezada pelos médicos. Assim, em 1946 fundou naquela instituição a "Seção de Terapêutica Ocupacional".
No lugar das tradicionais tarefas de limpeza e manutenção que os pacientes exerciam sob o título de terapia ocupacional, ela criou ateliês de pintura e modelagem com a intenção de possibilitar aos doentes reatar seus vínculos com a realidade através da expressão simbólica e da criatividade, revolucionando a Psiquiatria então praticada no país.

Devido à idade avançada, foi acometida por pneumonia, falecendo de insuficiência respiratória aguda, no Hospital Miguel Couto, Zona Sul do Rio.

Barbara McClintock [16 de Junho de 1902- 2 de Setembro de 1992]

Nasceu em Connecticut, NY. Doutoranda da Universidade de Cornell, trabalhou na Universidade do Missouri onde recebeu ameaças de ser demitida caso se casasse ou se seu colega de pesquisa deixasse a universidade, por perceber que nunca receberia da posição de docente se demitiu e foi para a Cold Spring Harbor.

Se uma citogeneticista estadunidense, doutora em botânica e vencedora do prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina de 1983 pela descoberta dos elementos genéticos móveis, que causam o fenômeno conhecido como transposição genética. É considerada, ao lado de Gregor Mendel e Thomas Hunt Morgan, uma das três mais importantes figuras da história da genética, tendo demonstrado diversos conceitos fundamentais, tais como a recombinação genética por crossing-over, os papéis dos telômeros e dos centrômeros dos cromossomos. 

Empreendeu uma das mais espetaculares descobertas da genética, os genes saltadores ou transposões. Na década de 1940, Barbara realizou experiências com variantes de milho e descobriu que "a informação genética não é imóvel", e que genes podem "ligar" e "desligar" a manifestação física de certos fenótipos. 

Devido ao ceticismo de outros cientistas em relação às suas descobertas e suas implicações, McClintock parou de publicar seus dados em 1953. Os mecanismos de regulação genética só passaram a ser melhor compreendidos nas décadas de 60 e 70, de forma que passaram-se mais de trinta anos entre sua descoberta, fundamental para a genética, e o seu reconhecimento, com o recebimento do Prêmio Nobel em 1983.

Barbara McClintock também realizou numerosas contribuições para a compreensão da citogenética e aspectos etnobotânicos das variedades de milho na América do Sul, tendo publicado o primeiro mapa genético para esta planta.

Passou seus últimos anos, após o Nobel, como líder e pesquisadora no Cold Spring Harbor Laboratory em Long Island, Nova York. Morreu de causas naturais em Huntington, Nova York, aos 90 anos. Nunca casou, nem deixou filhos

Rachel Louise Carson [27 de maio de 1907- 14 de Abril de 1964]

Nasceu e cresceu em uma fazenda na Pensilvania, teve mestrado com Zoologia pela John Hopkins University, sempre teve gosto pela escrita, ganhando o National Book Award com o livro The Sea Around Us. Foi uma bióloga marinha, escritora, cientista e ecologista.
No final dos anos 1950, Rachel começou a analisar a conservação ambiental, especialmente problemas que ela acreditava serem causados por pesticidas sintéticos. O resultado dessa pesquisa se tornou o livro Silent Spring (1962), que levou à população norte-americana uma preocupação ambiental sem precedentes. As companhias químicas logo se opuseram às colocações de Rachel em Silent Spring, e se engajaram em uma campanha de difamação da autora e do livro. Mas o legado de Rachel acabou por reverter a política nacional de uso de pesticidas, o que levou ao banimento do uso do DDT e de outros pesticidas nos Estados Unidos. O trabalho de Rachel também levou à criação da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos. Postumamente, Rachel recebeu a Medalha Presidencial da Liberdade pelo presidente Jimmy Carter, em 1980.
Em 1960, Rachel descobriu que seu câncer de mama entrou em metástase. O tratamento e a doença a enfraqueceram e ela ficou doente devido a um vírus respiratório em janeiro de 1964. Sua saúde piorou muito e em fevereiro os médicos descobriram que ela estava com anemia severa devido aos tratamentos com radioterapia e que seu câncer tinha atingido o fígado. Ela faleceu devido a um infarto, em sua casa em Silver Spring, Maryland.
Seu corpo foi cremado e as cinzas enterradas ao lado do túmulo da mãe, no Cemitério Parklawn Memorial Gardens, em Rockville, Maryland. Parte de suas cinzas foram espalhadas ao longo da costa da Ilha de Southport, próximo a Sheepscot Bay, no Maine.

Gertrude Bell Elion [23 de Janeiro de 1918- 21 de Fevereiro de 1999]

Nascida no Bronx, NYC, se formou no ensino médio aos 15 anos. Decidiu que iria dedicar a vida na luta contra o cancer por seu avo ter falecido de cancer. Foi uma bioquímica  Durante a Grande Depressão, mesmo desfavorecida por ser mulher, conseguiu emprego na empresa farmacêutica Borroughs Wellcome. 
Criou dois remédios para o tratamento da leucemia, dando inicio a uma nova era na pesquisa contra o cancer, criou medicações para suavizar sintomas de doenças como Aids e Herpes. Usou métodos inovadores de pesquisa, seus remédios matavam ou inibiam a produção de patógenos, sem causar danos as células contaminadas. Além disso, descobriu a base e muitos antivirais.

Foi agraciada com o Nobel de Fisiologia ou Medicina de 1988, juntamente com James Black, farmacólogo britânico do King's College Hospital Medical School, Universidade de Londres, e George Hitchings, bioquímico estadunidense colega dos Wellcome Research Laboratories, Research Triangle Park, NC.

Enquanto estava na universidade conheceu um estatístico chamado Leonard, mas antes que pudessem se casar, ele faleceu devido a uma infeção nas válvulas do coração. Gertrude não se casou mais depois disso. Nunca teve filhos e dedicou-se à carreira e aos seus hobbies, como viagens, fotografia e música.

Gertrude Elion mudou a residência para Chapel Hill, na Carolina do Norte, onde faleceu aos 81 anos.

Johanna Liesbeth Kubelka Döbereiner [28 de Novembro de 1924 - 5 de Outubro de 2000]

Johanna Liesbeth Kubelka Döbereiner foi uma engenheira agrônoma brasileira, pioneira em biologia do solo. É a sétima cientista brasileira mais citada pela comunidade científica mundial e a primeira entre as mulheres, segundo levantamento de 1995 da Folha de S. Paulo.

Suas pesquisas, fundamentais para que o Brasil desenvolvesse o Programa Nacional do Álcool e se tornasse o segundo produtor mundial de soja, poupam ao país um gasto anual próximo a 1,5 bilhão de dólares e tiveram impacto direto na economia nacional. Seu trabalho com fixação biológica do nitrogênio permitiu que milhares de pessoas consumissem alimentos mais baratos e saudáveis, o que lhe valeu a indicação ao Prêmio Nobel em 1997. No entanto, a cientista é pouco conhecida no Brasil.

Johanna nasceu em Aussig, na República Checa, região de influência alemã. Seu pai, Paul Kubelka, era um químico que seria preso por ajudar judeus a fugirem da perseguição nazista e levou a família para Praga quando Johanna era ainda criança, para assumir um cargo de professor de Química na Universidade de Praga. Além de docente, ele também tinha uma pequena fábrica de produtos químicos de uso na agricultura.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, a população de língua alemã foi intensamente perseguida na República Checa e aqueles que sobreviveram acabaram expulsos do país. Desta forma, os avós de Johanna seguiram para a Alemanha Oriental. Lá ela trabalhou em uma fazenda, ordenhando vacas e espalhando esterco para adubar o solo. Com a morte dos avós, ela encontrou pai, irmão, tia e primas na Baviera, mas sua mãe, Margarete Kubelka, morreu em um campo de concentração instalado depois da guerra.

Johanna mudou-se para a região de Munique, trabalhando em uma propriedade rural e em seguida em uma grande fazenda, que produzia variedades artificialmente melhoradas de trigo. Na Universidade de Munique, ingressou em 1947 no curso de agronomia, onde conheceu o estudante de Medicina Veterinária, Jürgen Döbereiner, com quem se casou em 1950. 
Seguindo os passos do pai, Johanna e o marido emigraram para o Brasil em 1948, onde ela foi contratada pelo Instituto de Ecologia e Experimentação Agrícola pelo Diretor do Instituto, Dr. Álvaro Barcellos Fagundes, atual Centro Nacional de Pesquisa em Agrobiologia da Embrapa, localizado no município Itaguaí, atual Seropédica, estado do Rio de Janeiro.
Recém-formada e sem conhecer nada da rotina de laboratório, Johanna se propôs a trabalhar de graça com Álvaro, que praticamente lhe ensinou o trabalho e a iniciou na pesquisa. Levou um ano para Johanna aprender sobre microbiologia, área que Álvaro queria trazer para o Brasil. Sua primeira publicação causou polêmica entre os colegas, porque não existia na literatura qualquer descrição da associação entre bactérias fixadoras do nitrogênio e plantas superiores e seu trabalho encontrara evidências desta associação.
Se naturalizou brasileira em 1956, obteve grau de mestre pela Universidade de Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos, onde morou entre 1961 e 1963. Segundo Johanna, seu orientador quase não a ajudou, nem esteve presente na composição da dissertação. Posteriormente fez um curso de bacteriologia no Instituto Pasteur de Paris.

Rosalind Elsie Franklin [25 de Julho de 1920- 16 de Abril de 1958]

Nasceu em Londres, obteve doutorado pela Universidade de Cambridge, mesmo a contragosto da própria família. Foi uma química britânica.  A grande questão de sua época era tentar entender qual era a aparência do DNA. Para isso, ela passava horas usando técnicas de Raio-X nas delicadas fibras do DNA, sendo a famosa dona da foto que provou que ele é formado por uma dupla hélice. Na mesma época, James Watson e Francis Crick estavam estudando a mesma pergunta e espiaram sem permissão o trabalho de Rosalind, copiando e publicando sem dar crédito a ela. Rosalind morreu muito jovem após muitas horas exposta à radiação de seu trabalho e após isso, os dois receberam um Prêmio Nobel. Ela, então, é lembrada como a mulher que deveria ter recebido esse prêmio mas foi excluída de seu próprio trabalho.

Nascida em uma notável família judaico-britânica, foi educada em uma escola particular em Londres. Depois, ela estudou Ciências Naturais no Newnham College, Cambridge, na qual se formou em 1941. Com uma bolsa de estudos de pesquisa, começou a trabalhar no laboratório de fisico-química da Universidade de Cambridge sob a orientação de Ronald George Wreyford Norrish, que a desapontou por sua falta de entusiasmo. Felizmente, a British Coal Utilisation Research Association (BCURA) ofereceu-lhe o cargo de pesquisadora em 1942 e então ela começou seu trabalho com o carvão, o que a levou à conquista de um Ph.D. em 1945. Ela foi a Paris em 1947 como chercheur (pesquisadora pós-doutoral) sob orientação de Jacques Mering, no Laboratoire Central des Services Chimiques de l'Etat, onde se realizou como cristalógrafa de raios-X. Ela se tornou pesquisadora associada no King's College London em 1951 e trabalhou em estudos de difração de raios X, que mais tarde contribuiria amplamente à síntese da teoria da dupla hélice do DNA. Em 1953, depois de dois anos, devido ao desacordo com o diretor John Randall e com o colega Maurice Wilkins, ela foi obrigada a se mudar para o Birkbeck College. Em Birkbeck, John Desmond Bernal, presidente do departamento de física, ofereceu-lhe uma equipe de pesquisa separada.

Franklin é mais conhecida por seu trabalho com imagens da difração de raios-X do DNA, particularmente pela foto 51, enquanto trabalhava no King's College, em Londres, que levou à descoberta da dupla hélice do DNA, da qual James Watson, Francis Crick e Maurice Wilkins compartilharam a Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina em 1962. Watson sugeriu que seria ideal que Franklin fosse premiada com um Prêmio Nobel de Química, juntamente com Wilkins, mas o Comitê Nobel não faz indicações póstumas. Franklin nunca soube que suas fotos foram as principais provas para a teoria da dupla hélice. Morreu em 1958 aos 37 anos, devido a um câncer de ovário.

Depois de terminar seu trabalho com DNA, Franklin liderou o trabalho pioneiro em Birkbeck sobre as estruturas moleculares dos vírus. Aaron Klug, membro da sua equipe, continuou sua pesquisa, ganhando o Prêmio Nobel de Química em 1982.

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